Está em cartaz no Museu de Arte de São Paulo a exposição Roma: a vida e os imperadores, apresentando a estatuária de mármore, bustos, armaduras de guerra e objetos de uso cotidiano dos imperadores e da população romana em geral
Seis anos após a FAAP ter promovido sua exposição da estatuária grega em São Paulo, o mundo antigo é mais uma vez tema de exposição na capital paulista. Agora é a vez de Roma em seu período imperial, patrocinada pelo MASP.
A mostra itinerante, que foi exposta recentemente em Belo Horizonte, é composta por diferentes peças, que vão desde esculturas em pedra e metal, passando utensílios domésticos, decorativos, instrumentos de guerra, objetos ritualísticos, e peças comuns à vida cotidiana de Roma em geral. O objetivo da exposição é apresentar um retrato conciso da vida social romana em um período que se estende por certa de cinco séculos, entre II a.C. até III d.C., considerado o apogeu do Império Romano.
Roma – A vida e os imperadores é a mais importante exposição organizada pelo MASP nos últimos anos. Como se sabe, o museu tem vivido uma crise profunda em sua administração, com episódios deploráveis que vão desde a ameaça de corte da luz do museu até o roubo – com métodos dos mais banais, como o uso de um pé de cabra – de telas de Picasso e Portinari do acervo da instituição, obras, felizmente, recuperadas pouco mais tarde. Vale ressaltar também que, como parte do processo de sucateamento proposital do MASP, o governo tem investido pouquíssimo na instituição, que tem há vários anos uma administração “terceirizada”, privada. Daí também a magérrima programação de exposições anuais do museu.
Com essa mostra, o museu sai de um jejum que dura mais de um ano, em que ele promoveu apenas exposições fraquíssimas, de artistas sem grande interesse para o público em geral. Os melhores lances desse período foram as manjadas pinturas do próprio acervo do museu, cuja novidade, ou malandragem, era apresentá-las, não de forma cronológica, mas embaralhadas.
As peças presentes em Roma – A vida e os imperadores vieram de seis das principais instituições italianas a guardarem peças da antiguidade romana: o Museu Nacional Romano, o Museu Arqueológico Nacional de Florença, o Antiquário de Pompeia, o Museu Nacional de Nápoles, o Museu Arqueológico de Fiesole e a Galeria Uffizi. Daí se vê a importância dessa exposição, abrangendo uma grande variedade de peças que raramente poderiam ser vistas reunidas.
O critério da curadoria foi dividir a exposição em quatro diferentes módulos, organizados de forma cronológica. O primeiro deles é Entre César e Augusto: o nascimento do Império, que abrange o período de reinado dos dois líderes que marcam a transição da Roma republicana para a Roma imperial. Esse módulo é voltado principalmente aos artefatos militares de Roma, relativos às campanhas militares de César. Podem ser visto aí também muitas estatuárias marcando as vitórias romanas, como a Cabeça Colossal de Júlio César em mármore e as estátuas de Júpiter. Há também peças religiosas, como a da deusa Ísis; estátuas feitas por encomenda pessoal dos imperadores, como a de Lívia, esposa de Augusto; e estátuas relacionadas ao mito de fundação de Roma. Nesse ciclo, na parte referente ao mundo de Augusto, os objetos romanos são mais ligados à vida social da cidade, com monumentos comemorativos e utensílios domésticos e de trabalho dos funcionários ligados às instituições romanas.
O segundo módulo da mostra é Nero. Os objetos desse ciclo estão relacionados com a ideologia da classe dominante de Roma no período, uma época marcada pela opulência das camadas dirigentes, que se voltam totalmente à fruição. Nesse ciclo estão agrupados muitas joias romanas, cuidadosamente trabalhadas em ouro, prata e pedrarias diversas. Há também luxuosos objetos de uso cotidiano usado pela aristocracia romana, principalmente peças de uso feminino.
Há também um conjunto de peças ligadas à vida artística romana, como retratos, figurinos e máscaras do teatro romano.
O terceiro módulo da exposição é O apogeu do Império, que é também o período mais acentuado de cadência da sociedade romana. Nesse ciclo foram reunidas as espalhafatosas armaduras de gladiadores e diversos objetos usados nos espetáculos de Circo e do Coliseu. Há também diversos artefatos ligados à vida do comércio, retratos das paisagens urbanas de Roma, e retratos dos próprios imperadores romanos do período e de seus familiares. Entre os destaques desse módulo há três paredes de uma casa com afrescos de Pompeia.
No último módulo da exposição, Um Império multicultural, são exploradas as diversidades culturais do Império Romano, que, em seu apogeu, abrangeu três continentes, na Europa, Norte da África e Ásia. Há exemplos do sincretismo religioso dos romanos, com a introdução de novos deuses no panteão original, como Isis ou Mitra. Pode ser vista também na mostra a influência das tribos africanas entre os romanos, ou das comunidades asiáticas. Há, logicamente, diferenças significativas entre um romano do centro do império e um romano da periferia. A mostra procura destacar essas diferenças, e também as diferenças existentes entre um romano e um bárbaro.
A exposição Roma: a vida e os imperadores, permanece em cartaz no MASP até 22 de abril.
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