Valentino, morto em 23 de agosto de 1926, foi o mais popular dos atores do cinema-mudo nos Estados Unidos, protagonizando sempre heróis românticos, morreu jovem e tornou-se uma figura lendária do período
Um dos atores mais populares da história do cinema-mudo, o italiano Rodolfo Valentino, morreu há exatos 85 anos, vítima de complicações após uma cirurgia. Ele tinha apenas 31 anos e era o principal ator da indústria norte-americana em seu tempo.
Nascido em Castellaneta, Valentino migrou para os Estados Unidos em 1920, indo morar na Califórnia. Ele passou anos trabalhando como manobrista, jardineiro e lavador de pratos até passar a viajar com companhias musicais itinerantes em 1917. Ele estreou como ator no cinema norte-americano em 1918, realizando pequenas aparições até conseguir um papel de maior destaque no faroeste Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, de 1921. Produzido pela Metro, o filme teve um sucesso espetacular, e foi uma das primeiras produções do cinema a lucrar mais de um milhão de dólares em uma temporada, tornando-se, na ocasião, a sexta maior bilheteria da história.
Meses mais tarde, Valentino rompeu seu contrato com a Metro, que lhe dava pouco crédito, e associou-se com o diretor Jesse Lasky, da Paramount.
Foi ali que, neste mesmo ano, Rodolfo Valentino estrelou o filme decisivo de sua carreira, interpretando o xeque Ahmed Ben Hassan. A obra era O Xeque, um filme de amor com roteiro convencional, misturando romance e aventura, uma cobra cujo mérito reside em ser uma das primeiras a apresentar nos cinemas aquele herói da literatura romântica eternizado em tantos livros e poemas. Transcorrido entre os desertos africanos, O Xeque era um herdeiro das fantasias orientalistas de Byron e Delacroix. E Valentino protagonizava um Don Juan moderno, papel que definiu sua personalidade no cinema.
Valentino em O Xeque. |
Valentino interpretaria uma sucessão de galãs românticos nesta linha, atraindo enormes bilheterias aos cinemas e ajudando a consolidar aquela ainda incipiente tradição cinematográfica. Em On The Rocks, de 1922, contracenando com a diva Gloria Swanson, ele encarna um milionário sedutor. Também de 1922 é Sangue e Areia, um clássico de Valentino onde ele encarna o toureiro Juan Gallardo. O filme foi um sucesso estrondoso, chegando a faturar quase quarenta mil dólares em apenas uma noite.
Sua vida pessoal foi muito explorada na época, e em sua biografia, vale a pena lembrar de um incidente interessante envolvendo uma crítica jornalística. Certa ocasião, um editorial no Chicago Tribune acusava Valentino de promover uma “efeminização do homem norte-americano”. Valentino, em resposta defendeu sua masculinidade e desafiou o autor do artigo para uma luta de boxe. O autor do texto nunca apareceu, mas em seu lugar, outro jornalista ofereceu-se para enfrentar Valentino. O ator prontamente nocauteou o escritor e encerrou as polêmicas a este respeito.
Protagonizando mais de uma dezena de filmes nos quatro anos seguintes, o último trabalho de Rodolfo Valentino foi O Filho do Xeque, uma continuação de O Xeque. Valentino morreu quando o filme ainda estava em cartaz nos cinemas.
O ator como Juan Gallardo, o toureiro romântico de Sangue e Areia. |
Ao contrário dele, centenas de atores tiveram suas carreiras arruinadas após o advento do som, com trejeitos, vozes e características pessoais desajeitados para os novos padrões. Houve um grande processo de depuração e renovação de quadros nestes anos, e dizia-se que Valentino provavelmente não sobreviveria também à passagem.
O enterro do ator tornou-se um enorme evento popular e conta-se que cerca de 80 mil pessoas saíram às ruas de Nova Iorque para acompanhar o caixão de Rodolfo Valentino. Uma manifestação paralela fora organizada também na Califórnia.
Cena de O Xeque seu filme mais famoso. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário