Depois da violenta desocupação promovida pelo governo
Alckmin, documentário revela que os ex-moradores da comunidade do
Pinheirinho estão morando na rua, sem nenhum respaldo do governo
Um grupo de realizadores independente tomou a iniciativa de produzir um documentário que busca revelar a situação de completo abandono em que foram atiradas as famílias da comunidade do Pinheirinho depois do processo de desocupação promovido pelo governo PSDB em São José dos Campos em janeiro deste ano.
O filme, Pinheirinho um ano depois,
trará dezenas de depoimentos de moradores, líderes comunitários e
assistentes sociais que denunciam a política criminosa do governo em
diferentes questões.
Dois
aspectos chamam atenção. Em primeiro lugar, o tratamento dado aos
moradores logo após a desocupação, quando eles foram espalhados por
diferentes abrigos e colocados em uma situação de isolamento completo
durante vários dias, o que configura uma situação de cárcere totalmente
ilegal. Uma moradora denuncia no vídeo: “Eu fiquei 18 dias no abrigo com
meu neto. Eles não deixavam ninguém ligar, não deixavam [ninguém] sair
nem entrar. Minha filha ia visitar eu e o filho, e eles não deixavam
[ela] entrar. É como se fosse uma prisão. Daí faltava comida, meu neto
ficava com fome, pedia, não tinha comida lá dentro também. No abrigo era
um sufoco. Eu dormia com um homem do meu lado que eu nem sei que era”.
Outra
situação igualmente criminosa é que, passado esse período inicial da
desocupação, as famílias foram abandonadas sem nenhum respaldo do poder
público. Uma assistente social denuncia em uma entrevista: “A situação
das famílias depois da reintegração de posse é uma situação de 'homeless', de sem-terra (sic), basicamente eles não tem onde morar”.
Esses
são alguns dos problemas que o documentário aborda entre inúmeros
outros. Um dos líderes da comunidade, nas filmagens também comenta:
“hoje a grande maioria das crianças que moravam no Pinheirinho não pode
ver um carro de polícia que elas fogem, elas tem medo. Tem criança que
não pode ouvir um barulho de helicóptero (...) Ficou esse rastro de
violência muito grande e a dificuldade é muito grande. Mesmo porque o
governo de São José dos Campos nunca procurou ninguém da direção, nunca
procurou nem uma família pra conversar”.
O
grupo que tomou a iniciativa de filmar o documentário está levantando
fundos para a produção de maneira independente por meio do portal
Catarse, que divulga projetos e visa a arrecadação de recursos para
produções de caráter cultural. Dessa forma, os produtores de Pinheirinho um ano depois
pretendem colocar o documentário no ar gratuitamente na internet. A
produção estimada para o filme é de 11 mil reais aproximadamente que,
segundo os realizadores, cobre apenas os custos de produção e
equipamento e deverá ser arrecadada até dia 20 de novembro. Toda a
equipe do filme está envolvida no projeto de maneira voluntária.
O grupo divulgou um primeiro vídeo promocional do documentário. Confira pelo link.
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