segunda-feira, 12 de março de 2012

Os antecedentes da Semana de 22, no jornal Causa Operária dessa semana

A estudante, 1917, obra de Anita Malfatti.
Na edição do jornal que está nas ruas, o Caderno de Cultura traz um artigo especial analisando dois fatos decisivos do período de formação do modernismo, os ataques contra a exposição de Anita Malfatti em 1917, e as polêmicas entre Oswald e Mário de Andrade na imprensa debatendo o caráter radical do livro ‘Pauliceia desvairada’

Por ocasião do 90º aniversário da Semana de Arte Moderna, que se completa em 2012, o jornal Causa Operária publicou essa semana o primeiro de uma série de artigos relativos ao modernismo brasileiro.

A intenção de lançar uma série especial sobre o tema se deve à grande importância do modernismo para a história nacional. Foi ele um dos acontecimentos mais decisivos da cultura brasileira e a mais profunda ruptura já ocorrida entre a tradição artística no Brasil.

Além do fato de o modernismo ter determinado toda a evolução posterior das artes após a década de 1920, ele foi um movimento indissociável do processo revolucionário que se desenvolveu no Brasil entre as décadas de 1910 e 30. A evolução do modernismo acompanha e coincide com diferentes episódios da revolução brasileira.

No primeiro artigo da série, 1917-1921: A direita declara guerra ao modernismo, analisamos dois episódios centrais para a formação do movimento modernista. A crítica literária oficial do modernismo ignora este fato, mas foram os ataques que os modernistas sofreram da burguesia oligárquica que os levou a evoluir em um processo de crescente radicalização ideológica, política e estética com o decorrer dos anos.

O primeiro desses ataques foi lançado contra a pintora Anita Malfatti durante a segunda exposição de suas obras em São Paulo, organizada em 1917. Tornou-se famoso o incidente envolvendo o artigo virulento de Monteiro Lobato contra a pintora. A violência e a truculência dos ataques de Lobato foram responsáveis por agrupar, pela primeira vez, os modernistas em torno de um objetivo comum: a defesa da nova arte. Fez também eles se darem conta de que havia uma ditadura ideológica estabelecida no país. Os jovens artistas perceberam que, caso quisessem exercer livremente seu trabalho, como experimentadores e renovadores artísticos, teriam necessariamente que derrubar a censura policialesca instaurada pelos oligarcas que controlavam a República Velha e seus policiais entrincheirados em todas as instituições nacionais.

É em torno da mesma questão que se desenvolveu outro incidente importante no modernismo anterior à Semana. As polêmicas entre Oswald de Andrade e Mário de Andrade na imprensa sobre o caráter da poesia vanguardista de Mário de Andrade. Pauliceia desvairada era ainda uma obra inédita, mas, após Oswald de Andrade publicar um dos poemas de Mário na imprensa, acompanhado de uma crítica elogiosa em que Oswald chamava o amigo de “poeta futurista”, Mário de Andrade tornou-se alvo de todo tipo de ataques, censuras e perseguições por parte dos conservadores.

Ambos os incidentes, analisados na matéria, marcaram uma radicalização dos modernistas, que se viram obrigados a reagir e se defender dos ataques direitistas e das calúnias que eram lançadas contra eles.

Ao longo do ano, os artigos publicados no jornal Causa Operária irão analisar alguns dos episódios centrais da progressiva radicalização do modernismo, suas obras, conquistas, e as diferentes ramificações da ideologia modernista, todas em relação com a revolução brasileira. Acompanhe nossos artigos, entre em contato e adquira o jornal Causa Operária. Você pode mandar um e-mail para nossa redação: pco@pco.org.br ou entrar em contato pelo telefone (11) 5584-9322. 

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