O Beijo. |
Hoje se completa o aniversário do escultor cujas inovações foram a pedra de toque das inovações modernistas na escultura
Hoje se completa o aniversário de nascimento do escultor francês Auguste Rodin, nascido a 12 de novembro de 1840. Ele foi o principal representante do movimento de renovação da escultura no século XIX. Sua obra seguiu caminhos paralelos aos da pintura impressionista, sua contemporânea, e foi a partir das criações de Rodin que iniciou-se verdadeiramente a tradição moderna na escultura. Estas inovações só foram possíveis a partir das teorias desenvolvidas pelo impressionismo e sua nova maneira de encarar o papel da luz nas obras de arte.
A contribuição de Rodin inovou a técnica escultórica em diferentes sentidos. Primeiro incorporando em suas criações exatamente os princípios da pintura impressionista, deixando suas obras sempre com um aspecto inacabado, esboçado, o que representava uma ruptura com as técnicas “realistas” consagradas na escultura e abrindo caminhos para técnicas mais propriamente modernistas, como o expressionismo. Em segundo lugar houve a intenção clara de representar os momentos e gestos fugazes de seus modelos – o que era por si só uma extensão dos próprios temas impressionistas de retratar a vida cotidiana em seus pequenos gestos e momentos transitórios. Era uma inovação significativa em comparação com os temas históricos, mitológicos ou alegóricos do neoclassicismo e do romantismo que dominavam totalmente as técnicas escultóricas.
Cabeça de Balzac. |
Por fim, e esta talvez tenha sido a mais importante contribuição de Rodin, ele introduziu pela primeira vez na escultura a percepção da luz nas obras – ideia extraída também das descobertas impressionistas -, passando a modelar suas esculturas em função da luz a qual ela seria exposta. Foi uma inovação extraordinária, pois pela primeira vez, um escultor se preocupava – e esta preocupação se refletia em uma técnica - não com o aspecto geral da obra em si mesma, mas com ela em relação direta com o tipo de luz do ambiente em que ela estaria exposta.
Suas esculturas, deste modo, incorporavam as variações da luz em sua maneira de se apresentar, variando seu aspecto geral de acordo com ela, com o movimento da luz e da sombra sobre sua superfície ao longo de um dia.
O principal motor da técnica de Rodin era de inspiração realista, da mesma forma que o impressionismo foi um desenvolvimento do realismo. O conteúdo de suas obras, porém, teve grande influência do simbolismo francês. Sua preocupação, portanto, não era o simples retrato naturalista de suas figuras, mas o de apresentar uma imagem quase ideal de seus temas, procurando, através do tipo de técnica que empregava, trazer à superfície, o conteúdo subjetivo das peças a partir de seu modelado. Desta maneira, em trabalhos como O Beijo, ou O Pensador, duas de suas obras primas, o escultor buscou encontrar a forma ideal destes conceitos. No primeiro caso, é ressaltado o sentido de entrega, afeto e envolvimento emocional do casal no ato do beijo, tanto na delicadeza da pose da figura masculina, quanto na completa entrega passional expressa pela pose da figura feminina. Já em O Pensador, o escultor procurou expressar o ato da reflexão em todo o conjunto da pose de seu modelo. Todo o seu corpo foi tensionado para expressar a profundidade das reflexões que ele deveria indicar, desde a rigidez de sua testa, a contração de seus lábios, as narinas dilatadas, a curvatura de suas costas, o braço que apoia seu queixo e a contração de todos os músculos de seu corpo de um modo geral.
O Pensador. |
Outra obra de grande valor onde se vê claramente aplicados estes princípios é a escultura Nijinski, espécie de representação simbólica do grande bailarino russo. Nesta peça, os traços e a fisionomia de Nijinski aparecem totalmente estilizadas, a ponto de torná-lo irreconhecível. A beleza e grandeza do dançarino apresentam-se, ao contrário, em sua pose, que expressa, como um todo, a tensão física e o movimento característicos do balé modernista que ele interpretava.
Auguste Rodin introduziu, com estas noções, um novo mundo de possibilidades expressivas na escultura, revolucionando esta arte e indicando o caminho que seria trilhado pelas jovens gerações da vanguarda artística do século XX.
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Ótimo artigo 👏👏👏
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