8 de novembro de 2011
O museu apresenta uma reunião de 150 obras dos trabalhos mais significativos de artistas da primeira geração modernista em relação com expoentes do modernismo europeu do mesmo período
O museu apresenta uma reunião de 150 obras dos trabalhos mais significativos de artistas da primeira geração modernista em relação com expoentes do modernismo europeu do mesmo período
Estreou no último mês no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, uma mostra panorâmica do modernismo brasileiro, destacando suas relações com a arte moderna europeia. A partir da comparação entre estas duas tradições, vê-se muito claramente as ideias e técnicas que constituíram a gênese deste movimento de renovação das artes nacionais.
Entre os brasileiros, estão os principais nomes de diferentes gerações. Dos artistas de 22, há Anitta Malfatti, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Antônio Gomide. Ao lado deles, em contraste com suas obras, há os trabalhos de modernistas europeus, como Henry Matisse, Wassily Kandinsky, Pablo Picasso e Fernand Léger.
A obra de Picasso e Matisse foram pedras de toque no desenvolvimento das técnicas modernistas no Brasil, a simplificação e geometrização das formas derivam principalmente das contribuições destes dois artistas pioneiros, praticamente todos os nossos modernistas assimilaram estas ideias. Já Kandinsky é um exemplo do expressionismo europeu, uma tendência também recorrente na arte nacional do período, que marcou principalmente as obras de Malfatti e Segall, mas que apresenta uma relação mais direta com o gaúcho Iberê Camargo, ou mesmo com Tomie Ohtake, nomes de destaque entre as tendências expressionistas nas artes brasileiras. Um caso muito interessante é a grande influência que o cubismo de Léger teve sobre Tarsila do Amaral, suas cores vivas e formas circulares foram assimiladas de uma forma muito particular pela pintora, que colocou tais técnicas também a serviço de um novo conteúdo, diretamente ligado à realidade nacional.
Um pouco mais jovens são os artistas Flávio de Carvalho e Ismael Nery, que, iniciando suas atividades no final da década de 1920, apresentaram uma influência muito mais forte do surrealismo em suas obras. O mesmo acontece também com Maria Martins, uma geração mais jovem. Ao lado de suas obras, estão os trabalhos dos expoentes da chamada “pintura metafísica”, os italianos Giorgio De Chirico e Giorgio Morandi, uma corrente menor da arte da época mas que teve bastante comunicação com as ideias surrealistas, tomadas mais tarde como precursoras de seu programa. Mais propriamente surrealista, e muito admirado por Maria Martins e Oswaldo Goeldi, são as gravuras do austríaco Alfred Kubin. Vê-se ainda a influência do russo Marc Chagall em determinadas obras de Neri. Flávio de Carvalho, que desenvolveu também uma tendência expressionista em seus trabalhos, está presente série Minha Mãe Morrendo, trabalho de grande dramaticidade, presente ao lado da tela de Karel Apel, Cabeça Trágica.
Dos artistas do pós-guerra, estão os trabalhos abstratos de Lygia Clark e Waldemar Cordeiro, cujas tendências geométricas tem um paralelo direto com trabalhos de artistas mais velhos, como o norte-americano Alexander Calder ou o suíço Max Bill, que serviram de modelo para os artistas do concretismo e do neoconcretismo.
Além da comparação muito interessante entre as diferentes correntes modernas das artes internacionais com o nosso modernismo, um dos pontos fortes da mostra é apresentar não apenas os expoentes destas tradições, mas também nomes obscuros de artistas estrangeiros que, apesar disso, tiveram importante influência no Brasil.
A exposição, localizada no prédio provisório do MAM, no Parque do Ibirapuera, permanecerá aberta a visitação até o fim de janeiro de 2012.
Divulgação:
Modernismos no Brasil
MAC – Museu de Arte Contemporânea.
Parque do Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.
De terça a domingo, das 10h às 18h.
Até 29 de janeiro de 2012.
Entrada Franca.
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