O Levante do Forte de Copacabana, a 5 de julho de 1922, expôs uma
enorme crise no coração do regime político brasileiro e abriu caminho
para as revoluções tenentistas que, ao final, levaria à derrubada da
República Velha
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O revolucionários de 1922 marchando para a morte na Avenida Atlântica. |
A revolta desenvolveu-se cheia de lances espetaculares, até a marcha final e heroica pelas areias de Copacabana que terminou no massacre dos revoltosos pelas tropas do governo. O episódio desenvolveu-se como uma típica revolução burguesa, incluindo aí as reivindicações democráticas, vagas e idealistas, dos militares sublevados.
Apesar desse ato revolucionário ter terminado com uma derrota esmagadora, o assassinato da maioria dos revolucionários, a prisão e condenação dos sobreviventes, e a perseguição implacável do governo contra todos aqueles direta ou indiretamente se envolveram no planejamento da insurreição, o Levante de 1922 foi apenas o primeiro ato de um drama épico que, no transcorrer de uma década, levaria à derrocada da República Velha e do poder da oligarquia no Brasil em 1930.
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Vista do Forte hoje, com a Avenida Atlântica à direita. |
De um ponto de vista imediato, a crise se abriu em torno da defesa de ideais democráticos e da rejeição, por parte de uma ala do Exército, da imposição da candidatura de Arthur Bernardes, representante dos cafeicultores, à presidência da República. Mais profundamente, a crise se colocava contra o conjunto do regime político oligárquico, e era produto da luta que era travada com cada vez maior intensidade entre as oligarquias que detinham o poder no país e a burguesia industrial.
O tenentismo foi uma das manifestações específicas dessa crise, mas de modo algum a única. O ano de 1922 foi marcado por três acontecimentos da maior importância para a revolução brasileira, episódios que assinalam inequivocamente o ano de 1922 como sendo um ano chave da Revolução.
Em fevereiro havia já sido organizada a Semana de Arte Moderna, a partir da iniciativa dos artistas do modernismo brasileiro. Se os militares do Forte de Copacabana realizariam em julho sua insurreição armada contra o regime; em fevereiro os modernistas realizaram igualmente sua insurreição, armada também, mas, de ideias, poemas, pinturas e músicas, que subvertiam o status quo artístico do País e se colocava contra a burocracia intelectual que dava sustentação ao mesmo regime.
Entre essas duas iniciativas burguesas marcadas pelos gestos espetaculosos, houve também uma não menos importante iniciativa do movimento operário brasileiro, que naqueles meses iniciais de 1922, fundam, finalmente, o primeiro partido socialista do País, o PCB. Acontecimento histórico da maior importância que expressava a maturidade que o proletariado brasileiro havia adquirido nas suas lutas recentes.
A Revolução, em 1922, portanto, tomava corpo e forma: a classe operária organizada em torno de seu próprio partido; os tenentes formando um movimento próprio no interior do Exército; e os artistas modernistas, que formavam também, à maneira deles, um partido próprio. E todos os três movimentos com suas armas apontadas para o governo oligárquico de então.
Assim, em 1922, o Brasil se deparava com três fenômenos aparentemente aleatórios da situação política que apenas depois de 1930 revelariam a profundidade de seu significado.
Por ocasião do 90º aniversário do Levante do Forte de Copacabana, Causa Operária planeja publicar nas próximas semanas um amplo especial analisando o desenvolvimento do tenentismo em todas as suas etapas, desde as primeiras crises, anteriores a 1922, passando pelas suas principais iniciativas, as revoluções de 1922, de 1924, a Coluna Prestes-Miguel Costa, até a Revolução de 1930.
Da mesma maneira como Causa Operária vem fazendo com sua série especial sobre o modernismo, o jornal apresentará também análises de um ponto de vista revolucionário e marxista sobre o movimento tenentista, neste que é um dos períodos mais importantes da história brasileira. Leia e assine Causa Operária e acompanhe nossos especiais.
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