sexta-feira, 30 de setembro de 2011

20 anos do disco que popularizou o grunge

Há duas décadas o Nirvana lançava o seu segundo disco, Nevermind e apresentava ao mundo aquele movimento da juventude que nascia em Seatle no limiar do neoliberalismo

Em 2011 temos presenciado o processo de degelo das lutas sociais em todo o mundo. Isso após um período de duas décadas da mais brutal paralisia do movimento operário. No outro extremo desta verdadeira era do gelo que se estabeleceu sobre o planeta, há 20 anos, vinha à luz um dos grandes álbuns da história recente do rock, o disco Nevermind, do Nirvana.

A principal faixa do disco, a agressiva Smells Like Teen Spirit, foi uma das músicas mais populares da década e junto com ela havia todo um conjunto de excelentes composições, como Territorial Pissings, Come as You Are, Drain you, Lithium, Polly, On a Plain. Por estas composições, que tinham todas elas um forte apelo popular, Nevermind, se tornou um dos discos mais influentes do rock no período, considerado talvez a mais representativa gravação de rock da década de 1990.
Este álbum reunia um grupo de composições de alta qualidade e marcou a popularização de um dos últimos movimentos importantes do rock norte-americano, o grunge, que era essencialmente uma versão atualizada e moderada do punk norte-americano da década de 1970.

O punk surgiu em um período de intensa radicalização política não somente nos Estados Unidos, mas em todo o mundo de um modo geral, o que se refletia na agressividade do comportamento das bandas do final da década de 1970 e a crescente politização destes movimentos na década seguinte.

Kurt Cobain, Chris Novoselic e Dave Grohl.
O movimento grunge começou a se formar gradualmente ao longo da década de 1980, como parte do processo de resfriamento das lutas sociais nos Estados Unidos. Ele cresceu e ganhou importância como um movimento mais geral da juventude norte-americana, porém, apenas no início da década de 1990, quando a atitude característica do grunge, passou a encontrar novos adeptos. Ao contrário de outras correntes do rock, o grunge foi um fenômeno bastante heterogêneo. De um modo geral, foi o produto cultural da desilusão de uma camada proletarizada da pequena burguesia norte-americana. Seus adeptos em geral eram figuras marginalizadas, depressivas e sem perspectivas sociais. Foi um movimento sem uma clara ideologia política e tendia fortemente ao subjetivismo.

A maior parte de suas influências vinha diretamente do punk, e o interesse musical destes grupos girava em torno de assuntos relacionados às drogas, à marginalidade, ao cotidiano das ruas. Apesar da agressividade da música grunge, há um forte componente de melancolia e introspecção em suas composições.

O primeiro precursor importante do estilo foi o nova-iorquino Sonic Youth, formado já em 1981, com influências mais claras do punk rock norte-americano. Pouco mais tarde começa se formar um movimento em Seatle. Em 1984 foi fundado o Soundgarden, grupo de tendências divergentes, cuja música oscilava principalmente entre o heavy metal e o hard rock. Em 1987, era criado também o Alice in Chains, tocando músicas derivadas do glam rock, hard rock e outros gêneros. Nasceram na esteira destes grupos, o Pear Jam, o Mudhoney e o Nirvana, grupos que tocando juntos em muitas apresentações em Seatle, dariam forma a este movimento.

A característica musical do grunge era manter a simplicidade das composições do punk rock, mas com uma mistura diversificada de influências.

Pode-se dizer que, como movimento, o grunge surge e se desenvolve entre 1988 e 1890, e, em 1991, com Nevermind, aquele movimento restrito à cidade de Seatle se expande para todos os Estados Unidos, e nos anos seguintes, para outros países. Este crescimento espantoso da popularidade do Nirvana e da filosofia do grupo de um modo geral, correspondia justamente à etapa política em que o mundo entrava então, uma etapa de resfriamento das lutas sociais, que trazia consigo a volta de um conservadorismo atroz. Aqueles três jovens tímidos, melancólicos, de olhar distante, e profundamente contrariados com a vida que levavam, eram a imagem de toda uma geração acuada pela ofensiva da reação neoliberal. Um período de congelamento global que só agora, vinte anos mais tarde, começa a se desfazer.

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