A vida e a obra do artista italiano são mostradas
em perspectiva nessa exposição recentemente inaugurada em São Paulo,
mostrando todas as fases de formação do artista até a maturidade
Estreou
na última semana no Museu de Arte de São Paulo, uma exposição inédita
das obras do italiano Amadeo Modigliani, uma das figuras centrais da
Escola de Paris na década de 1910. É a primeira vez que essa mostra
panorâmica é apresentada em um museu latino-americano, oferecendo uma
visão abrangente da trajetória do pintor.
Todas as fases de formação de Modigliani estão representadas. Desde a formação inicial na Itália, o período de aprendizagem, a viagem a Paris e o vivo interesse do artista pela escultura, até, finalmente ele desenvolver seu estilo característico na pintura.
Amigo
dos mais importantes expoentes da pintura de vanguarda em Paris,
Modigliani recebeu influências das teorias de geometrização da imagem
absorvidas pelos cubistas via Cézanne. Foi também um apaixonado pela
arte negra, introduzindo em suas obras, elementos primitivistas. A
partir dessas duas influências primordiais, Modigliani deixou sua marca
na pintura moderna ao desenvolver uma síntese dessas tendências em uma
obra expressiva e original.
A coleção trazida ao MASP é uma das mais importantes reuniões da obra de Modigliani já organizadas. Vinda do Modigliani Institut Archives Légalés Paris-Roma e acrescida de trabalhos de colecionadores particulares, a coleção abrange um total de 166 trabalhos. Em São Paulo, porém, foi organizada uma versão reduzida do acervo, com 61 obras expostas.
O público poderá apreciar doze pinturas e cinco esculturas originais de Modigliani, além de outras 22 obras de amigos do pintor, executados no período em que ele viveu. São trabalhos que pertencem também à coleção e oferecem uma visão mais nítida da arte avançada que era produzida então em Paris. Há três pinturas de Jeanne Hébuterne, esposa de Modigliani, pinturas feitas a quatro mãos por Modigliani em parceria com Moïse Kisling, gravuras de Picasso e Foujita, e trabalhos de Marie Marevna e Max Jacob, entre outros.
Além das pinturas e esculturas de Modigliani, a exposição abrange ainda dezenas de fotografias, cartas, catálogos de exposições e outros documentos relacionados à atividade do artista.
Modigliani
teve uma existência curta e errática. O período mais importante de sua
trajetória iniciou-se em 1906, quando ele chega a Paris. Vivendo
miseravelmente e entre os meios artísticos e boêmios da cidade, ele
tenta desenvolver-se como escultor, mas acaba sendo levado à escultura.
Modigliani chega à sua fase madura em 1909, e a partir de então,
desenvolve e aperfeiçoa o estilo que sempre lhe seria característico,
realizando em poucas linhas, retratos de figuras geometrizadas, com
pescoço alongado e olhos vazados.
Sua primeira exposição ocorreu apenas em 1917, graças aos esforços do amigo poeta, Leopold Zborowski. A mostra, porém, dura apenas um dia após escandalizar a audiência conservadora. Alegando que os nus pintados pelo artista eram obscenos e atentavam contra a moral, a polícia fechou a exposição. O pintor viveu sempre na pobreza extrema e morreu apenas três anos mais tarde, em janeiro de 1920, vítima de tuberculose. Sua mulher, Jeanne, se suicidaria no dia seguinte, pulando da janela do apartamento do casal.
A exposição Modigliani: imagens de uma vida oferece uma rara oportunidade ao público brasileiro conhecer a trajetória do artista italiano através de suas obras. Ela permanecerá em cartaz no MASP apenas até dia 15 de julho.