O livro de memórias é de autoria de Pedro Hidalgo, ex-ministro
da Agricultura do governo Allende. Na obra ele narra sua experiência na
prisão, as torturas a que foi submetido e a luta da família para
encontrá-lo
Foi lançado essa semana no Brasil o livro de memórias Do fogo à luz: um encontro com a tortura,
de autoria do chileno Pedro Hidalgo, ex-ministro da Agricultura no
governo de Salvador Allende, deposto pelo golpe militar em 1973.Em seu posto, Hidalgo foi autor da Reforma Agrária implementada pelo governo frentepopulista entre 1970 e 1973, sob a pressão das massas trabalhadoras do país.
A obra foi editada pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro, e foi distribuída gratuitamente durante o lançamento ocorrido na sede carioca da Ordem dos Advogados do Brasil.
No livro, Hidalgo narra toda sua experiência com a ditadura. Desde o momento do golpe que derrubou o governo e resultou na prisão de boa parte dos políticos que integravam o governo Allende, passando pela sua estada nas prisões da ditadura, quando Hidalgo presenciou e foi ele mesmo submetido a várias sessões de tortura. Paralelamente, o ex-preso político conta também a luta da família para localizar seu paradeiro.
Chama a atenção no relato do ex-ministro, a violência com que a ditadura tratou uma figura política proeminente do governo anterior, o que revela a forma extraordinariamente bárbara que tomou a ditadura militar no Chile, uma das mais agressivas da América Latina.
Nascido ao norte do Chile, Hidalgo era militante do Partido Socialista. Na década de 1970, em uma época extremamente revolucionária, o país estava tomado por enormes movimentos grevistas. A burguesia organiza improvisadamente um governo de frente popular capaz de manobrar com as massas, tendo à frente Salvador Allende. Foi a convite de Allende que Hidalgo assumiu seu posto como ministro.
Ele foi preso em 1973 poucos dias após o golpe, por uma patrulha militar. Levado para o presídio de Chillán, ele foi submetido à tortura seguidamente durante uma semana. Hidalgo foi, depois disso, transferido para o presídio na Ilha Quiriquina, onde permaneceu dois meses encarcerado, sendo também aí torturado regularmente. Ele foi depois mandado de volta a Chillán, onde foi colocado em uma solitária e submetido a intensivas sessões de tortura durante 40 dias ininterruptamente. Esse é o ponto central do relato da obra, onde Hidalgo descreve também o tratamento dado por outros presos em Chillán.
Do fogo à luz: um encontro com a tortura é parte da iniciativa de setores da esquerda brasileira que atuam em favor da abertura dos arquivos da ditadura militar no Brasil e traz uma contribuição à denúncia das práticas bárbaras aplicadas pelos regimes militares no Continente – que atuaram segundo a cartilha do imperialismo norte-americano – entre as décadas de 1960 e 80.
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