A coleção mais importante das obras de Francisco de Goya no
mundo está agora disponível para os internautas no site do museu,
reunindo todas as obras representativas do artista
Três de Maio, uma das obras mais importantes do pintor espanhol, presente no acervo do Museu do Prado. |
A
primeira fase desse projeto foi concluída recentemente, e ela consistiu
na digitalização de toda a obra do pintor Francisco de Goya presente no
acervo do museu. É a reunião mais importante das obras do artista
espanhol existente no mundo.
Todas as pinturas mais representativas de Goya estão na coleção do Museu do Prado, e daí a importância da iniciativa.
Os trabalhos estão divididos em quatro categorias, sendo elas Pinturas, Desenhos, Gravuras e Documentos.
Saturno devorando um filho. |
O
segmento dedicado às pinturas certamente é o mais importante. Nele
estão presentes, por exemplo, as duas telas mais expressivas da obra do
pintor, Dois de maio de 1808 ou a luta com os mamelucos e o Três de maio de 1808, ou os fuzilamentos de Madri,
duas obras que retratam a violência da ocupação francesa à Espanha
durante as guerras napoleônicas em dois momentos decisivos: a
resistência aos franceses e o fuzilamento dos vencidos. Essa última, em
particular, pela dramaticidade da cena, é tida como a maior das
obras-primas de Goya.
Outro
agrupo de pinturas importantes são as chamadas ‘pinturas negras’,
dedicadas a temas violentos e sombrios, bastantes presentes na obra do
artista. Entre elas destaca-se a perturbadora pintura mitológica Saturno devorando um filho,
representando o titã grego que, ao saber que estava condenado a ser
deposto por um de seus filhos, passa a devorá-los logo após o
nascimento.
Outro trabalho representativo é O Grande Bode.
Essa obra foi originalmente um mural feito por Goya para decorar uma
das paredes de sua casa, a Quinta del Sordo. Pelo fato de não ser uma
encomenda, a obra revela maior liberdade na escolha de temas e na
execução das técnicas, revelando bem o potencial do pintor. A composição
mostra um grupo de figuras pintadas com um aspecto animalizado,
reunidas em torno de um grande bode negro, personificação do demônio. É
um assunto tipicamente folclórico que interessava Goya, inspirado nas
superstições religiosas dos camponeses espanhóis.
Mais
tarde, o mural foi transposto para tela, não por Goya, como se poderia
supor, mas por Salvador Martínez Cubells, por encomenda de um banqueiro
belga, admirador de Goya. O capitalista pretendia vender a obra na
Exposição Universal de Paris, de 1878, mas, sem conseguir um comprador,
acabou doando a tela para o Museu do Prado. Posteriormente, o mural
original se perdeu, e a tela de Cubells tornou-se o único registro desse
trabalho.
Como essas pinturas há outras, como Dois velhos comendo,
que chama a atenção pelas deformações expressivas das duas figuras
monstruosas e cadavéricas, de trajes miseráveis, durante uma refeição.
Uma obra tida como uma antecipação dos rumos futuros que tomaria a
pintura durante o modernismo.
Os grupos pictóricos presentes no acervo do museu estão divididos em subcategorias. São eles: Assuntos históricos, Pintura Alegórica, Pintura Religiosa, Pinturas Negras, Pinturas de Gênero, Retrato, As Majas, Desenhos para Tapeçarias, e ainda outro grupo dedicado às Cópias, seguidores e imitadores de Goya.
Além
das pinturas, outro destaque importante da coleção digitalizada pelo
museu são as séries de gravuras de Goya, tão famosas quanto suas
pinturas. Ao longo da vida, Goya executou cinco diferentes séries de
gravuras, organizadas em torno de determinados temas. Os mais
importantes entre eles são Tauromaquia, Caprichos e Desastres da Guerra.
Tauromaquia,
como o título sugere, tem ao centro, a grande presença dos touros na
cultura espanhola. A série mostra desde cenas de caça até as
tradicionais touradas, em imagens que chamam atenção pela vivacidade das
cenas.
Caprichos
foi uma série proibida na Espanha monarquista. Ela apresentava um
conjunto de imagens alucinatórias e caricatas que expunham toda a
decadência da aristocracia espanhola, executada anos antes da queda da
monarquia com a ocupação francesa.
Desastres da Guerra, por sua vez, era um retrato realista e
violento das atrocidades que Goya presenciou durante a ocupação das
tropas napoleônicas na Espanha. A série é toda ela uma crônica da guerra
em imagens, um verdadeiro trabalho de reportagem realizado pelo
artista. Há os cadáveres abandonados nas estradas, corpos torturados,
dependurados nas árvores, cenas de estupros promovidos pelos soldados
franceses, as execuções, os enfrentamentos entre a população desarmada e
os soldados. O sadismo, as barbaridades e horrores de todos os tipos
são revelados aí pelo pintor, em uma obra-prima antibelicista.
Essas
e muitas outras obras podem agora ser conferidas na íntegra e em alta
resolução no site do museu. Basta acessar o endereço www.museodelprado.es/goya-en-el-prado
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