quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Obra capital do historiador renascentista Giorgio Vasari ganha nova edição brasileira

Vasari é considerado o ‘iniciador’ da história da arte, foi quem cunhou o termo ‘renascimento’ e foi também o principal responsável pelo que se sabe hoje da vida dos artistas renascentistas

Em 2011 completou-se o quinto centenário de nascimento do florentino Giorgio Vasari, pintor e arquiteto, mas hoje lembrado, sobretudo, pelo trabalho pioneiro como historiador. Estudando e escrevendo tratados sobre a pintura, a escultura e a arquitetura italianas, Vasari se tornou o fundador da história da arte como campo de pesquisa específico.

Acompanhando a data, recentemente foram lançadas nas livrarias duas edições fundamentais dos escritos de Vasari: Vidas dos artistas, sua obra capital; e o também importante Vida de Michelangelo Buonarroti, sobre o pintor e escultor florentino que foi também amigo íntimo de Vasari.

Foi A vida dos Artistas, publicada pela primeira vez em 1550 (seu título original é Vidas dos mais excelentes arquitetos, pintores e escultores italianos, de Cimabue até nossos dias, que mais tarde foi abreviado), que inaugurou a bibliografia da história da arte. A obra é um grande estudo sobre a pintura, a escultura, a arquitetura, e seus criadores. Um trabalho essencial para quem pretenda conhecer a fundo o pensamento renascentista. A edição brasileira da obra, lançada pela Editora Martins Fontes, foi traduzida por Ivone Castilho Bennedetti e organizada, anotada e comentada por Giovanni Previtalli, Luciano Bellosi e Aldo Rossi.

A primeira parte do livro compreende três tratados, Da Arquitetura, Da Escultura e Da Pintura, onde Vasari expõe em detalhes a revolução técnica que representou o Renascimento em cada uma destas áreas.

Detalhe da obra A primavera, de Sandro Botticelli.
 A segunda parte, mais famosa, é propriamente a biografia dos artistas renascentistas. Cada biografia é um texto independente, organizado de forma cronológica. O primeiro biografado é o pintor florentino Giovanni Cimabue, nascido ainda no século XVIII e considerado por Vasari, o primeiro artista a se libertar da influência da arte bizantina e desenvolver um estilo latino. À biografia de Cimabue, seguem-se outras 132 biografias que foram também divididas em três partes. 
A primeira delas é toda dedicada a artistas de transição como Cimabue, Duccio e Giotto. Na segunda parte, estão aqueles artistas que irão aprofundar a utilização da perspectiva, da profundidade e do movimento na pintura, artistas como Piero della Francesca, Botticelli e Mantegna. A parte final compreende os artistas do apogeu do Renascimento, em especial Leonardo, Rafael e Michelangelo. Para Vasari, Michelangelo, representou o ponto final da tradição renascentista, e depois dele, nada mais restava a ser feito.

Foi por isso que, depois de concluir Vidas dos artistas, Vasari dedicou-se à criação do volume Vida de Michelangelo Buonarroti, que analisa com maior profundidade a vida do artista. É esse segundo estudo que foi também lançado agora no Brasil, em uma edição traduzida e ricamente comentada pelo estudioso Luiz Marques.

A importância da obra de Vasari está também no fato de que ele pertenceu a uma das últimas gerações de artistas renascentistas, podendo, dessa forma, olhar e analisar de um ponto de vista privilegiado o que havia sido feito naqueles três séculos de revolução na arte italiana. Sua opinião sobre Michelangelo mostra que ele intuía também, de alguma forma, que aquele período estava por se encerrar. De fato, quando morre Vasari, Michelangelo Caravaggio, futuro mestre do barroco, tinha já três anos de idade. Vinte anos mais tarde, a arte renascentista seria já parte do passado da arte italiana.

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