sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A escultura brasileira vista em perspectiva, do barroco ao modernismo

A mostra 'De Valentin a Valentin' estreou recentemente no Museu Oscar Niemeyer e apresenta um panorama na escultura nacional iniciando e terminando com um escultor negro: o barroco Mestre Valentin, e o abstracionista Rubem Valentin

24 de setembro de 2011

Estreou recentemente no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, uma exposição apresentando um raro panorama do desenvolvimento da arte escultórica no Brasil.

A mostra De Valentim a Valentim – a Escultura Brasileira – Século XVIII ao XX começa com uma reunião dos trabalhos de Mestre Valentim, o principal nome da escultura do barroco carioca.
Grande mestre da arte escultórica e arquitetônica de sua época, Mestre Valentim é um dos raros negros a desempenhar um papel de destaque no Brasil colonial. Ele foi também urbanista, faceta de sua obra que era produto de suas ideias iluministas, sua crença no progresso e na civilização.
Ele era de tal forma apreciado que quando o Rio de Janeiro é nomeado a nova capital do Vice-Reino do Brasil, ele é designado para realizar algumas das edificações oficiais. São dele, além de igrejas barrocas, o Passeio Público e o Chafariz da Pirâmide da capital carioca. Suas esculturas barrocas apresentam grande sofisticação, com características classicistas e do rococó.
Depois das peças de Valentim, a mostra atravessa o século XIX, passando pelos trabalhos de Marc Ferrez, Chaves Pinheiro, Rodolfo Bernardelli e Nicolina Vaz de Assis. Todos eles grandes mestres das artes escultóricas e monumentais.

Adentrando o período modernista, há as peças de Celso Antonio, Ernesto de Fiori, Galileo Emendabili e Victor Brecheret, este último, maior expoente de sua geração e representante exemplar da escultura do primeiro modernismo nacional.

Cobrindo o período do segundo pós-guerra, estão os trabalhos de Francisco Brennand, Frans Krajcberg e Rubem Valentim, representantes de três correntes distintas da escultura contemporânea brasileira.

A obra de Brennand é vinculada à figuração modernista, estilizada, voltada para a criação de peças sintéticas e icônicas, mas sempre associadas à figura. Suas obras tendem para o primitivismo e cubismo sintético. Já Krajcberg é um escultor abstrato cuja obra tem como característica básica, o uso de matérias primas naturais, como formas orgânicas com madeiras de troncos, cipós, folhagens, pedras, etc.

Rubem Valentim, por sua vez, é um representante da correntes abstratas geométricas. Começou sua carreira escultórica como construtivista na década de 1950. Na década seguinte, influenciado pela radicalização popular e surgimento de um novo movimento negro, Valentim incorpora em suas peças influências do folclore africano e afro-brasileiro da Bahia. Suas peças assumem características originais, combinando a abstração geométrica concretista com os símbolos icônicos retirados do candomblé. A mostra De Valentim a Valentim, assim, abre e fecha sua exposição panorâmica com um artista negro. O primeiro, que se tornou grande por seu pleno domínio da grande arte europeia. O segundo, quando adaptou as formas vindas do Velho Continente às suas raízes nacionais e raciais. Deste modo, indiretamente a exposição marca dois momentos significativos da cultura brasileira.
 
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