sábado, 13 de outubro de 2012

‘Nosferatu’ terá exibição ao ar livre com orquestra no parque do Ibirapuera

Este ano completa-se o 90º aniversário do lançamento da obra-prima de Murnau, um dos maiores clássicos do cinema mundial. O programa, exibido em cópia restaurada, faz parte da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Na próxima semana, a partir do dia 19, começa a 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Entre os destaques da programação, está a exibição, no dia 2 de novembro, de uma cópia recentemente restaurada de Nosferatu, uma das grandes realizações do cinema expressionista alemão.

O programa noturno, que será realizado no feriado do Dia de Finados, inclui a participação de uma orquestra com 80 músicos que farão a trilha sonora do filme.
Essa cópia restaurada que chega agora ao Brasil já foi exibida em outros países em apresentações similares ao ar livre e acompanhamento musical ao vivo.
 A exibição é uma homenagem a Murnau, resgatando uma obra que foi um marco dos filmes de horror e do cinema mudo, pela qualidade excepcional da produção.

Passados 90 anos da criação de Nosferatu, dezenas de adaptações já foram realizadas do romance de Bram Stoker para o cinema. A obra de Murnau, porém, permanece uma das maiores delas. Realizado em 1922 e protagonizado por Max Schreck, que dá vida ao cadavérico conde Graf Orlock, Nosferatu foi o primeiro filme de vampiro a fazer sucesso no cinema.

Nosferatu é uma adaptação fiel do romance de Stoker, mas por problemas de direitos autorais, que não foram cedidos pela família do escritor, Murnau, ao invés de cancelar a produção, optou por mudar os nomes de todas as personagens do filme.

A produção é também representativa do momento histórico em que foi criada, na Alemanha devastada do pós-guerra. Nosferatu, ao lado de Gabinente do Dr. Caligari, é tido como a máxima realização desse cinema por conseguir transmitir nas telas a atmosfera de tensão e desespero que tomava conta do país no período reacionário que se seguiu à derrota da Alemanha na guerra e ao esmagamento da Revolução no ano seguinte.

A obra literária que deu origem ao filme, Drácula, é um romance de horror vitoriano que expressava muitas das inquietações da pequena-burguesia britânica em meio à crise social e política que tomou conta do país no final do século XIX. A paralisia conservadora da sociedade britânica era chacoalhada por grandes mobilizações operárias, pelo movimento sufragista feminino, e pelo grande êxodo migratório saído do Leste europeu. Com isso, todos os valores conservadores da sociedade vitoriana começaram a ser contestados, e a figura do Drácula, o estrangeiro monstruoso que transformava respeitáveis mães e moças de sociedade em macabras sugadoras se sangue, personificava essa situação de crise dos valores burgueses.

O Nosferatu de Murnau, por sua vez, parecia evocar sentimentos que iam de encontro à crise alemã, com o vampiro agora personificando os horrores da guerra e o rastro de assassinatos e doenças que ela deixava atrás de si. Com monstros como Nosferatu e o sonâmbulo assassino Césare, o cinema expressionista deu forma aos medos que tomavam conta da sociedade alemã, particularmente das camadas médias, que apenas assistiam, acuadas, as violentas lutas políticas que tomavam conta do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário