terça-feira, 2 de outubro de 2012

‘Castro Alves pede passagem’ ganha nova montagem nos palcos paulistas

Montada a partir do texto de Gianfrancesco Guarnieri, a peça reconta a história de Castro Alves e leva ao palco as personagens que povoam a obra do ‘poeta dos escravos’

Em 1971, ano do centenário da morte do poeta baiano Castro Alves, o dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri lançava nos palcos sua peça Castro Alves pede passagem. O objetivo do dramaturgo era tornar mais acessível o legado do grande poeta do período final do romantismo brasileiro, que fez de sua obra uma arma de luta em defesa da causa abolicionista, motivo pelo qual Castro Alves se tornou conhecido como o “poeta dos escravos”.
Em uma linguagem direta e acessível, Guarnieri recontava os momentos principais da vida do poeta. Desde sua adesão, na adolescência aos ideais abolicionistas e republicanos; sua relação com a popular atriz portuguesa Eugênia Câmara; a estreia de Castro Alves como poeta na década de 1860 e os anos de militância em defesa da causa abolicionista, publicando seus textos na imprensa, até sua morte precoce, em 1871, aos 24 anos.
A nova montagem é encenada pela Companhia das Artes, com direção de Jair Aguiar. A peça foi montada a partir de uma sucessão de flashbacks, em que ganham vida no palco as figuras que povoam a obra do escritor, com seus escravos, republicanos, e o próprio poeta e suas mulheres.
O espetáculo não utiliza grandes recursos de cenários ou figurinos, privilegiando o trabalho do ator.
Castro Alves pede passagem permanecerá em temporada até 21 de outubro, em São Paulo. Ela está em cartaz no Teatro Coletivo, localizado na Rua da Consolação, 1623. O espetáculo acontece às 19hs aos sábados e às 18hs aos domingos. 
O poeta 
Castro Alves foi o representante maior da última fase do Romantismo brasileiro, já repleta de influências do Realismo. Sua obra foi toda vinculada aos problemas sociais mais graves de seu tempo. O tema mais recorrente em sua obra é luta do escravo por sua liberdade, que na obra do poeta toma as proporções de uma aventura épica pela libertação humana.
Graças à grande sensibilidade de Castro Alves, ele deu dignidade literária ao escravo, o que era um fato ainda inédito nas letras brasileiras. Antes de Castro Alves, o negro raramente comparecia na literatura brasileira, em passagens sem grande brilho.
Se Fagundes Varela foi o primeiro grande poeta a falar da questão do sofrimento dos negros, Castro Alves foi muito mais longe, fez dos escravos um de seus temas centrais, cantou sua desgraça, e percebeu não apenas a dor desses oprimidos, mas também sua glória e a grandeza de sua luta, tendo sido também Castro Alves o primeiro poeta a cantar a luta dos Palmares.
Castro Alves foi poeta revolucionário, declamatório, panfletário, autor, de uma das obras mais belas e poderosas da literatura nacional. Ele não foi somente o poeta dos escravos, mas o poeta da revolução brasileira desse período, seus poemas sociais, sobre negros ou brancos, são numerosos e constituem a melhor parte de sua obra. Sua poesia floresceu em um dos momentos mais agudos da crise política brasileira, quando milhares de ativistas lutavam pela derrubada da monarquia e pelo fim da escravidão, o pior dos flagelos brasileiros.

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