quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Filme denuncia a ditadura criada no Rio em benefício da especulação imobiliária

Curta-metragem denuncia a repressão das UPPs contra a população e os despejos em favelas no Rio de Janeiro, bem como sua relação com as empreiteiras e grandes empresas como parte dos “preparativos” para a Copa de 2016. Assista aqui o documentário

Foi lançado recentemente o documentário Domínio Público, filme independente expõe a situação de verdadeira ditadura que está sendo imposta no Rio de Janeiro por ocasião da Copa do Mundo – situação, porém, que abrange outras grandes cidades que sediarão os jogos de 2014. O filme concentra sua pesquisa no Rio de Janeiro, mas essa é uma situação geral.
Desde que foi anunciada a Copa do Mundo no Brasil, iniciou-se uma ampla operação de ataques contra o povo. A parcela mais afetada da população, como sempre acontece é a dos moradores das comunidades pobres.

No Rio de Janeiro, onde esse processo tem se dado de forma mais aberta e agressiva, foram criadas as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) para controlar e reprimir a atividade dos moradores; e estão também sendo realizados dezenas de despejos a pretexto da realização de obras de infraestrutura para a Copa do Mundo.


Domínio Público
estabelece a relação entre essa máquina repressiva estatal e os interesses das grandes empreiteiras e outras empresas que pretendem lucrar com os jogos da Copa.


Em entrevista para o portal Publica: Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo dada pelos realizadores do filme, os cineastas Fausto Mota, Raoni Vidal e Henrique Campos, eles comentam que tal operação chamou a muito atenção deles, o que os levou a iniciar suas pesquisas: “Começamos a nos questionar sobre a escolha dos locais para instalação das unidades e a valorização imobiliária inerente ao processo. A partir disso, passamos a pesquisar material sobre o tema e percebemos que o buraco era bem mais profundo do que a gente pensava. As UPPs são a ponta do iceberg de um projeto de cidade muito perigoso…”


Eles destacam também a truculência como tem sido feitos os processos de despejo da população pobre das comunidades que se tornarão canteiros de obras para a Copa: “[o que mais me chamou a atenção foi] a maneira cruel e desumana como é feita a remoção das pessoas de comunidades localizadas em áreas de forte interesse imobiliário. Famílias inteiras são despejadas na rua, muitas vezes sem direito a nada, perdendo móveis, eletrodomésticos e sem ter para onde ir, tendo que se alojar em casa de parentes ou em albergues para mendigos”. Situação que é exposta em maiores detalhes no filme.


A conclusão a que eles chegam é a de que, em meio aos preparativos para a Copa do Mundo, a cidade cada vez mais foi sendo colocada nas mãos interesses capitalistas completamente alheios à população, passando por cima de direitos democráticos elementares. É uma situação que na realidade sempre existiu, mas que foi exposta mais claramente em função dos jogos. “Para se realizar um megaevento como a Copa do Mundo ou as Olímpiadas, são necessárias várias alianças e acordos. Existe uma aliança em nível horizontal entre a rede hoteleira, os proprietários de terra, as empreiteiras, a prefeitura, o governo estadual e empresários locais, e em nível vertical com o governo federal, que detém os mecanismos de financiamento como BNDS e Caixa, e a FIFA, a CBF, o COI, as grandes multinacionais que patrocinam esses eventos. São muitos acordos envolvidos por trás dos megaeventos e isso é muito perigoso, pois a cidade passa a ser dirigida em função dos interesses privados de uma pequena elite”. E acrescentam que “na lógica da cidade-empresa o que importa é extrair o lucro máximo e não o bem-estar do cidadão. O governo se transforma em um mero balcão de negócios para administrar esses interesses privados, ao invés de se preocupar com os problemas reais da população”.


E esse processo é acompanhado também, conforme eles assinalam, por um enorme esquema de desvio de verbas públicas: “É uma roubalheira que não tem tamanho, uma quantidade imensa de dinheiro público, bilhões, vai servir para enriquecer esse grupo de empresários como Eike Batista. Poucas vezes se desviou tanto dinheiro dos nossos cofres públicos. Quem vai pagar essa conta no final?”


Merece maior atenção no filme a atuação nefasta da UPPs, mecanismo que viabiliza os processos de despejo realizados nos morros. Por esse motivo, um ponto que surge no documentário e deve ser destacado como forma de alerta aos desavisados, são as declarações do candidato do Psol, Marcelo Freixo, contra as UPPs. A impressão que se tem é que Freixo seria contra essa política repressiva, o que não é fato. É sempre importante lembrar que durante o processo do 1º turno das eleições municipais, em que Freixo era candidato à Prefeitura, ele apoiou as UPPs e a política que elas representam, chegando a declarar que a “UPP foi uma conquista para os moradores”. Uma posição totalmente diversa da que ele aparece no filme apoiando.


O documentário foi produzido de maneira totalmente independente, durante 14 meses de intensa pesquisa, em que foram realizadas também as entrevistas e demais filmagens que compõe a produção.


Entre o material diversificado de denúncias jornalísticas nas quais os realizadores se apoiaram para realizar seu filme, está inclusive o portal Causa Operária Online, que tem denunciado amplamente o esquema repressivo colocado em marcha no Rio em benefício dos grandes capitalistas.


Concluída essa primeira etapa da produção, que chegou a um curta-metragem de quase 20 minutos de duração, os cineastas pretendem ainda aprofundar o tema e possivelmente transformar Domínio Público em um longa metragem.


Veja o documentário, clique aqui.

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