terça-feira, 9 de outubro de 2012

Morreu o poeta peruano Antônio Cisneros

Membro da Geração de 1960, dos poetas latino-americanos, Cisneros foi um dos mais importantes nomes da literatura peruana das últimas décadas

No último sábado morreu o poeta peruano Antônio Cisneros, um dos nomes mais destacados da Geração de 1960 da poesia peruana, da qual também faziam parte nomes como Rodolfo Hinostroza e Javier Heraud, entre outros.

Cisneros estava com 69 anos e morreu vítima de um câncer de pulmão. Além de poeta, ele trabalhou também como professor e jornalista.

Nascido em 1942, ele cedo começou a escrever em verso e prosa. Sua poesia se caracterizava pela descrição, com grande lirismo e, por vezes, com notas humorísticas e irônicas, o cotidiano da vida da população de Lima. Seu primeiro livro de versos foi publicado ainda em seus tempos de estudante universitário, em 1961, Destierro, e já em 1962 publicou também David.

Ligado à esquerda universitária peruana e aluno da Pontifica Universidade Católica, Cisneros publicou na época um documento expressando sua simpatia e apoio à Revolução Cubana, iniciativa que iniciou um processo de perseguição política na Universidade e o levou a abandonar seu curso, matriculando-se em seguida na Universidade de São Marcos.

O poeta tornou-se nacionalmente conhecido no Peru, como um dos importantes expoentes da Geração de 1960, com o poema Canto ceremonial contra un oso hormiguero, de 1968, que lhe rendeu o Prêmio Casa de Las Americas.

Depois de concluir os estudos, e durante a ditadura peruana, ele mudou-se para a Inglaterra, durante o movimento cultural e intelectual do chamado swinging London, termo que caracteriza uma época de fermentação artística, na música, artes plásticas e no cinema londrino.

O período mais importante de sua atividade poética deu-se entre as décadas de 1960 e 1970, durante a crise política peruana que se desenvolve antes de depois do golpe militar de 1968.
A obra de Cisneros combinava temas políticos e cotidianos, sempre ligado ao movimento de esquerda.

Depois da reabertura política, em 1975, Cisneros afastou-se da esquerda peruana, converteu-se ao catolicismo e tornou-se um dos poetas oficiais do país, acumulando dezenas de prêmios, medalhas e cargos honoríficos nas quatro décadas seguintes. Sua nova crença religiosa iria aparecer em seus livros seguintes, como no El Libro de Dios y de los húngaros, de 1978.

Depois da reabertura ele atuou principalmente como jornalista cultural, em jornais como o semanário Marka, em 1976; o jornal satírico Monos e Monadas, em 1978, e os suplementos literários El Caballo Rojo, em 1980; 30 días, em 1984; ou , em 1987.

Cisneros foi ainda professor, lecionando em universidades na Inglaterra e na França. Seu câncer foi diagnosticado no final do ano passado e a doença evoluiu rapidamente desde então. O escritor foi enterrado no domingo em Lima, sua cidade natal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário