quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

James Baldwin e a literatura de protesto do movimento negro norte-americano

Hoje se completa o aniversário de morte do escritor, vítima de câncer a 1º de dezembro de 1987. Ele foi a mais importante voz literária do movimento negro norte-americano das décadas de 1960 e 70

Um dos mais representativos escritores dos Estados Unidos, James Baldwin pertence a uma tradição literária especificamente negra, que remonta a um movimento que floresceu plenamente no país apenas de década de 1920, com a chamada Renascença do Harlem.

Pertencem a este segmento literário autores da maior importância, como Langston Hughes, Countee Cullen, Zora Neale Hurston, Nella Larsen, James Weldon Johnson e Richard Wright, os mais proeminentes autores negros das décadas de 1920 e 30 no País.

Este movimento que se desenvolveu no início do século foi uma das manifestações da luta política do negro norte-americano contra a opressão racial. Por de trás das principais iniciativas e autores desta literatura, estavam proeminentes intelectuais e organizações políticas do movimento negro, que davam suporte e orientação à comunidade negra.

James Baldwin pertence a uma segunda etapa deste movimento, quando a luta dos negros é retomada em finais da década de 1950, desenvolvendo-se com crescente radicalismo nas duas décadas seguintes.

Amigo pessoal de importantes intelectuais negros como Malcolm X e Martin Luther King Jr., Baldwin produziu a mais significativa literatura negra deste período.

Sua obra era fundamentalmente psicológica, assentada na análise de suas personagens negras e brancas e a forma como o racismo estava profundamente impregnado em ambas.  A grande novidade de seus livros em relação ao que os demais escritores negros havia feito, foi o aprofundamento destas análises da psicologia do negro.

Toda sua obra gravita em torno de problemas recorrentes, a tensão entre negros e brancos, a segregação racial, e conflitos de identidade. Baldwin não apenas negro e pobre, de origem operária, como também homossexual, tornando-se assim alvo de assédios e pressões sociais de uma forma particularmente intensa, o que o tornou mais apto do que outros autores negros para expressar esse problema da opressão.



Na juventude, Baldwin estudou no conceituado colégio DeWitt Clinton High School, onde teve aulas com Countee Cullen. O poeta negro tornou-se um verdadeiro conselheiro literário para Baldwin nestes anos, influência da maior importância para o desenvolvimento futuro de sua obra.
Na década de 1940, Baldwin trabalhou como operário nas linhas de ferro em Nova Jérsei até tomar a decisão definitiva de dedicar-se à literatura. Ele muda-se então para Nova Iorque, se estabelecendo no famoso bairro boêmio do Greenwich Village.

Ali Baldwin encontrou uma atmosfera onde a segregação aparecia de forma mais diluída. Convivia com todo o tipo de figuras marginalizadas, jovens artistas, freqüentava os numerosos bares locais e começou a produzir a partir deste momento sua literatura, um retrato de suas experiências pessoais com o racismo.

Baldwin conhece pessoalmente Richard Wright, o importante autor de Filho Nativo, e através da influência dele, não apenas consegue publicar seus primeiros artigos na imprensa, como consegue uma bolsa filantrópica que garante a ele uma renda mensal. Com ela, Baldwin parte, em 1948, para a França.

Morando em Paris, Baldwin vive novas experiências humilhantes que o convenceram que aquele racismo virulento não era uma exclusividade de seus compatriotas. Foi morando ali que ele conclui seu primeiro livro, o romance Go Tell It on the Mountain, publicado em 1953. A obra contava a história de seu alter-ego John Grimes, um relato semi autobiográfico de sua infância, suas experiências religiosas, as humilhações dentro e fora de casa, até sua libertação destes meios e o abandono da igreja. O livro segue todo em um clima de violência e perturbação mental que tem seu ápice na terceira parte da obra, quando Grimes, incerto sobre tudo, descobre sua homossexualidade.

Go Tell It on the Mountain
foi o livro mais importante da obra de Baldwin, o mais ousado tanto do ponto de vista da forma, da técnica literária empregada, quanto do conteúdo, pelo caráter polêmico dos assuntos tratados.

Seu livro de artigos sobre a questão do negro e da literatura surge logo depois, Notas de um Filho Nativo.
Na sequência dele, vieram outros romances importantes, com destaque para Giovanni's Room, Another Country, If Beale Street Could Talk, The Devil Finds Work e Just Above My Head.
Outras coletâneas de artigos também foram lançadas. Seus textos mais importantes estão presentes em Nobody Knows My Name - More notes of a native son e The Fire Next Time.
Entre seus últimos trabalhos, estava uma importante reportage investigando a participação do negro no cinema hollywoodiano, The Evidence of Things Not Seen, e uma coletânea poética, Jimmy's Blues, ambos publicados em 1985.

O escritor viria a falecer dois anos mais tarde, a 1º de dezembro de 1987, vítima de câncer. Nesta altura ele havia voltado a morar na França, com uma residência em Saint-Paul-de-Vance.
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