terça-feira, 29 de novembro de 2011

40 anos da morte de Gene Vincent

16 de outubro de 2011 

Um dos expoentes do rock'a'billy, Vincent, da mesma forma que seus colegas, terminou morto precocemente como resultado da pressão do imperialismo sobre sua musica

Gene Vincent & his Blue Caps, capa do single Be-Bop-a-Lula, seu maior sucesso.
Hoje se completa 40 da morte do músico norte-americano Gene Vincent, que foi um dos principais representantes do que ficou conhecido como rock’a’billy, o gênero mais frenético e dançante da primeira fase do rock nos Estados Unidos.

Vincent começou sua atividade musical com músico country em Virgínia. Anos mais tarde, foi um dos primeiros músicos a tocar aquele novo e enérgico gênero musical que nascia por volta de 1955, uma das manifestações no terreno da cultura, da crise do “sonho americano” que já se anunciava. O nascimento do rock’n’roll coincidia com a retomada das lutas do movimento negro norte-americano por seus direitos civis e expressava a crescente radicalização da juventude. Inicialmente um gênero impulsionado por músicos negros, rapidamente o rock tornou-se um fenômeno geral da cultura jovem norte-americana, e mais tarde, mundial.

Eddie Cochran e Gene Vincent.

Em 1956 o grupo Gene Vincent & os Blue Caps lançou uma das músicas mais populares da história do rock, o single Be-Bop-A-Lula. Nos anos seguintes, os Blue Caps conceberam outras boas canções que ajudaram a consolidar o gênero: Bluejean Bop, Race With the Devil, Lotta Lovin', Crazy Legs e Baby Blue.


Vincent era um dos músicos mais populares dos Estados Unidos, quando em 1960, um acidente automobilístico quase o matou. Ele sobreviveu à batida, mas não teve tanta sorte o motorista do carro, seu amigo Eddie Cochran, outro dos grandes representantes daquele movimento musical. Este acidente poderia ser visto como um acontecimento puramente casual e isolado na época, mas de forma alguma a coisa foi assim.


Fazendo um balanço do desenvolvimento da primeira fase do rock’n’roll na década de 1950, seria impossível não comentar a maneira absolutamente destrutiva como a indústria dita “cultural” do imperialismo norte-americano atuou sobre estes músicos. Entre todos os roqueiros mais proeminentes praticamente não houve – com uma ou outra exceção, como Bill Halley ou Johnny Cash – que não tenha terminado totalmente destruído vítima do assédio das gravadoras, distribuidoras, da imprensa ou mesmo do próprio governo.


Para relacionar apenas alguns casos exemplares, temos o escândalo – casamento com sua prima de 13 anos – que baniu Jerry Lee Lewis dos meios músicas dos Estados Unidos em 1958. A prisão de Chuck Berry em 1959 o tornou também um músico proscrito por longos anos, e praticamente encerrou a parte mais importante e popular de sua carreira. Há, também em 1959, “o dia em que a música morreu”, quando três dos maiores expoentes deste primeiro rock morreram e um acidente aéreo: Ritchie Vallens, Buddy Holly e The Big Bopper. Que certamente não foi um acidente casual, mas produto da pressão dos empresários, dos shows intermináveis que realizavam naquela época, da “corrida contra o tempo” para se cumprirem as cláusulas de seus contratos.


Poucos anos mais tarde, em 1963, Little Richard, que vivia em meio à mesma loucura de shows pelo país, sobreviveu a um acidente aéreo que o levou a abandonar o rock, tornando-se pastor evangélico.


Elvis Presley, que foi assediado como nenhum outro músico, terminou vergonhosamente como porta-voz do governo norte-americano na música. Em 1958 foi usado para fazer campanha de alistamento no Exército, virando o bom moço do rock, o rapaz nacionalista, ao gosto do governo e dos empresários. Na década de 1960, foi inserido em Hollywood e foi afastado daquele movimento musical. Após quase uma década longe dos palcos – e após tornar-se também propagandista da política repressiva “antidrogas” do governo Nixon, em 1970 –, o período final de sua decadência foi entre os cassinos de Las Vegas, fase que terminou com sua morte por enfarte fulminante. Conclusão de anos de abuso de álcool e drogas.


Encarado de uma forma panorâmica, a história desta primeira safra de músicos do rock’n’roll é a história de como o imperialismo agiu implacavelmente para destruir aquela manifestação de revolta da juventude que tomava conta de toda a sociedade de uma forma implacável e assumiu a proporção de um movimento nacional, o prenúncio da radicalização política da década de 1960.


Apesar de Gene Vincent ter sobrevivido ao acidente de 1960, ele também não escaparia à pressão que afetou a todos os músicos de sua geração. Na década seguinte, cada vez mais ele afundou na depressão. Desiludido e alcoólatra, ele morreu em sua casa na Califórnia, em 1971, vítima de cirrose gástrica. Ele morria no mesmo momento em que a segunda geração do rock norte-americano sucumbia à mesma pressão: Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison morreram todos no intervalo de um ano, entre 1970 e 1971.

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