Em cartaz no Memorial da América Latina, a mostra
busca destacar a presença dos italianos e seus descendentes nas artes
brasileiras a partir de artistas como Eliseu Visconti, Brecheret, Poty,
Pancetti, Volpi, Mário Zanini e Iberê Camargo, entre outros
José Pancetti, Paisagem de Saquarema, 1955. |
Estreia hoje (28) no Memorial da América Latina, a exposição Passato Immediato – Presença Italiana na Arte Brasileira,
apresentando uma ampla reunião de trabalhos de artistas italianos que
vieram ao Brasil e de brasileiros descendentes de italianos.
A mostra reúne um total de
150 trabalhos de 80 de artistas, tais como Eliseu Visconti, José
Pancetti, Victor Brecheret, Poty Lazarotto, Mário Zanini, Fúlvio
Pennacchi, Alfredo Volpi, Iberê Camargo, Mario Buti, Mônica Nador,
Antonio Dias, Ana Maria Maiolino, Cristiano Marcaro, CláudioTozzi,
Evandro Carlos Jardim, Paulo Pasta e Sérgio Romagnolo, entre muitos
outros.
A mostra integra a
programação cultural do Momento Itália-Brasil, acordo entre os governos
brasileiro e italiano que tem trazido diversas exposições importantes ao
Brasil, tais como a dos artefatos de Roma, a de Giorgio e Di Chirico ou
a de Michelangelo da Caravaggio, no MASP.
Essa mostra do Memorial da
América Latina, ao contrário das outras exposições, privilegia a
influência da cultura italiana sobre as artes nacionais, que é enorme.
Entre o final do século XIX e
as primeiras décadas do século XX, milhares de imigrantes chegaram ao
Brasil para trabalhar nas lavouras de café em expansão no Sudeste
brasileiro. Conforme essa economia entrava em crise, houve um novo êxodo
para as cidades, particularmente para São Paulo, que teve milhares de
italianos empregados em suas indústrias.
Essa “invasão” italiana no
estado de São Paulo, mas também em toda região Sul e Sudeste, modificou
significativamente a fisionomia da população desses estados, e, desde
então, a cultura italiana faz parte da vida cotidiana de parte
expressiva da população, principalmente no Estado de São Paulo, onde se
deu a maior concentração de imigrantes em função da importância
econômica da região.
O mesmo se deu com arte.
Inúmeros foram os artistas italianos e seus descendentes que se tornaram
figuras representativas da arte brasileira, e é justamente essa
contribuição que a mostra pretende destacar.
Eliseu Visconti. |
Eliseu Visconti, por
exemplo, nascido na Itália e emigrado ao Brasil, foi um dos mais
importantes artistas da pintura nacional, grande mestre da pintura da
virada do século, com influências diversas do realismo, do
impressionismo, do simbolismo e do art noveau.
Victor Brecheret, igualmente
italiano, emigrou ao Brasil na infância com a família. Na adolescência,
após estudar em instituições paulistas, mudou-se para a Itália, onde
amadureceu sob a influência da escultura renascentista e também do
modernismo francês de Rodin e Bourdelle. De volta ao Brasil, Brecheret
se tornaria o mais importante escultor modernista do País.
O pintor José Pancetti, nome
também representativo do modernismo brasileiro da segunda geração, era
filho de italianos. Também filho de imigrantes era Poty Lazarotto, um
dos mais importantes ilustradores da geração de 1940, que se formou no
grupo de Dalton Trevisan.
Esses são apenas alguns dos
exemplos de ítalo-brasileiros representativos das artes nacionais,
dentre os quais também poderiam ser citados Alfredo Volpi, pioneiro da
pintura abstrata geométrica no Brasil, ou Fúlvio Pennacchi, pintor
primitivista.
Mas além da tradição mais
moderna da pintura brasileira, há ainda artefatos interessantes e raros,
como o mapa original da costa do Brasil feito pelo explorador italiano
Américo Vespúcio, provavelmente o primeiro registro cartográfico
completo do litoral brasileiro, feito em 1501.
As obras que integram a
exposição fazem parte de coleções públicas e particulares: da Pinacoteca
do Estado de S. Paulo, do MAC-USP, do Instituto Lina e Pietro Maria
Bardi, do Palácio dos Bandeirantes e da Coleção Brasiliana do Instituto
Cultural Itaú, além de outras galerias de arte paulistas.
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