segunda-feira, 19 de março de 2012

Exposição censurada pela Oi foi inaugurada no MAM-RIO


Depois de três meses sem destino certo, a maior exposição já organizada das fotografias de Nan Goldin no Brasil está agora em cartaz no Museu de Arte Moderna carioca


Em novembro do ano passado correu entre a imprensa e as redes sociais a notícia de mais uma censura a manifestações artísticas. Dessa vez a vítima fora a mostra fotográfica da norte-americana Nan Goldin, figura conhecida no circuito alternativo da fotografia. Seria a maior exposição da fotógrafa já feita no Brasil.

Goldin atua desde a década de 1970 e desenvolve uma obra que é tida como uma verdadeira crônica do submundo de Nova Iorque nas décadas de 1970 e 80. Ela se especializou em fotografias tiradas com luz natural e caracterizadas por cores intensas. As imagens têm a atmosfera de um diário pessoal, apresentando retratos de mulheres espancadas, casais hetero e homossexuais, prostitutas, travestis, viciados em drogas e portadores de AIDS; flagrados em momentos íntimos, nus ou em cenas de sexo. Os trabalhos de Goldin obviamente têm um forte teor sexual, e foi precisamente por isso que ela acabou vetada pela empresa telefônica Oi Futuro, quando a mostra The ballad of sexual dependency estava para ser inaugurada em um dos centros culturais da operadora no Rio de Janeiro, o Oi Futuro Flamengo.

A repercussão do caso na época foi muito grande. Em redes sociais como o Facebook, em poucos dias mais de dez mil compartilhamentos foram realizados acompanhados de comentários de protesto e indignação.

A empresa não fez também qualquer questão de esconder suas intenções. Foi censura pura e simples. A diretoria da instituição reconheceu que cancelara a mostra em função da presença de fotografias de crianças nuas, o que, segundo eles, feria o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ou seja, a mostra da artista foi classificada como “pornografia comum”, sem maiores considerações.

Depois do incidente, mais uma demonstração da ditadura intelectual existente hoje no Brasil, a mostra ficou três meses encostada, sem destino certo. Foi apenas em função do escândalo provocado pelo caso que governo rapidamente aceitou abrigar a mostra no Museu de Arte Contemporânea do Rio. The ballad of sexual dependency poderá ser visitada até dia 8 de abril de 2012.




 
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